Sentir dor não é legal e isso pode atrapalhar a rotina de qualquer um. Ainda assim, nem sempre é fácil colocar em palavras o que estamos sentindo. Para ajudar, existe a escala de dor, uma ferramenta usada por médicos e profissionais da saúde para entender o nível da dor do paciente1.
Neste artigo, vamos te contar o que é uma escala de dor, quais são as mais usadas e como ela pode te ajudar a comunicar sua experiência com a dor de forma mais clara.
Fique com a gente até o final porque a dor é um assunto que merece — e precisa — ser mais discutido.
Escala de dor é uma ferramenta usada em hospitais e consultórios médicos para que você possa medir sua dor ou descrevê-la de maneira simples e clara para quem está cuidando da sua saúde1.
Já aconteceu do seu médico te perguntar, por exemplo, como você classificaria a sua dor de 0 a 10, sendo 10 a pior dor possível? Pois essa é justamente uma das formas de se usar uma escala de dor1.
Mas, além dessa, existem outros tipos de escalas. Saiba mais sobre essas ferramentas a seguir.
Dentre as escalas de dor, existem três categorias que costumam ser confiáveis — e são validadas pela ciência — para a autoavaliação da dor nos consultórios e hospitais2: a escala visual analógica1-4 (também conhecida como escala EVA3), a escala de avaliação verbal1,2,4 e a escala de classificação numérica1,2,4.
Essas são consideradas escalas unidimensionais, que levam em conta apenas uma variável para medir a dor, como a sua intensidade4. Veja cada uma em detalhes.
A escala de dor EVA consiste em uma linha reta com cerca de 10 centímetros que representa a dor de forma contínua. Enquanto uma extremidade marca a palavra “sem dor”, a oposta traz termos como “pior dor possível”4.
Na hora de usar a escala EVA, o profissional pedirá para que você marque na linha a posição que representa a intensidade de sua dor naquele momento4.
Imagine que você está no meio de um episódio de cefaleia em salvas, considerada uma das piores dores que existe5. É muito provável que, diante desse cenário, sua marcação seja feita o mais próximo do parâmetro de “pior dor possível”, mais à direita da régua, para citar um exemplo.
A escala de dor EVA também pode utilizar imagens, às vezes com cores, para que o paciente indique o nível de dor1.
Um outro modelo bastante visual é a escala de faces de Wong-Baker, que combina imagens de rostos com números1.
Essa escala de dor é composta por seis desenhos de smiles com diferentes expressões, sendo que o número zero mostra uma imagem sorridente (sem dor) e o número 10 mostra uma face triste e chorosa (pior dor)1.
Esse modelo foca em usar adjetivos para mensurar as diferentes intensidades do desconforto, como “sem dor”, “dor leve”, “dor moderada”, “dor forte” e “pior dor possível”4.
Dessa forma, fica mais fácil explicar para o médico a presença de uma dor de cabeça forte, por exemplo.
Aqui, o método de avaliação da dor é feito por números. Os médicos e enfermeiros podem te apresentar uma escala de 11 pontos que vai de zero (sem dor) até 10 (aquela dor insuportável) para quantificar o seu nível de sofrimento1,4.
Além das escalas unidimensionais, também existem as multidimensionais, que consideram outras variáveis da dor, para avaliá-la de uma forma mais ampla, como é o caso do Questionário de Dor de McGill4.
Esse outro tipo de escala de dor mensura os aspectos sensoriais, afetivos e avaliativos da dor3,4. Ao se deparar com esse modelo, você encontrará uma espécie de quadro com mais de 70 adjetivos que podem descrever seu incômodo e ajudam o especialista a compreendê-lo a partir das respostas4.
Vibração, tremor, pulsante, latejante, amedrontadora, ferroada e desgastante são alguns dos termos que podem ser usados para expressar a dor e permitir que seja compreendida em detalhes3.
O questionário de dor de McGill pode, ainda, trazer a imagem de um corpo humano para que você possa apontar o local exato da dor4.
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Já um outro tipo de escala de dor — mais específico e voltado para um tipo de problema — é a escala de Lanns3.
Ela foi desenvolvida para medir os sinais das dores neuropáticas3. Esse modelo ajuda a entender como os nervos que “carregam” a informação da dor no cérebro estão funcionando para ajudar na escolha do melhor tratamento6.
A avaliação da escala de dor LANSS é feita a partir de um questionário que o paciente responde. Ele traz perguntas como “a sua dor faz com que a pele da região afetada fique sensível ao toque?” ou “faz com que a temperatura da pele mude”?3,6.
Depois, é a vez do médico fazer um teste de sensibilidade3,6 na pessoa com dor e preencher um questionário com suas percepções6.
Cada resposta — que pode ser “sim” ou “não” — contabiliza pontos, que vão de zero a cinco e são somados. No final, pontuações iguais ou maiores que 12 sinalizam que os mecanismos neuropáticos podem estar contribuindo para as dores. Já o escore menor que 12 indica que é improvável que o funcionamento dos nervos seja responsável pelo desconforto6.
E como tudo isso é usado na prática? Ao chegar em uma unidade de pronto-atendimento, especialmente por conta de uma dor, o enfermeiro pode utilizar alguma dessas ferramentas padronizadas para tentar identificar o nível do seu desconforto3.
Além disso, algo muito utilizado nesse primeiro momento de acolhimento da triagem é o Protocolo de Manchester, que consiste em uma breve avaliação que determina a gravidade do caso, classificando os pacientes quanto ao nível de urgência no atendimento, e os agrupa em cores7.
Sabe aquela pulseira colorida que você recebe do enfermeiro? Pois bem! Se for vermelha, significa que o caso é de emergência e exige atendimento imediato. Já a pulseira laranja representa situações muito urgentes e a amarela, urgente7.
Quando é verde e azul, aí dá pra respirar mais aliviado, porque o problema é considerado pouco urgente ou não urgente, respectivamente7.
Agora que você já entendeu como funcionam os protocolos e a escala de dor na enfermagem e na rotina clínica, vamos entender melhor como essas ferramentas — que podem até ter seu uso combinado, para a obtenção de respostas mais completas – podem auxiliar nos tratamentos médicos.
São diversas as vantagens que o uso da escala de dor pode trazer tanto para o paciente quanto para o médico, na hora de decidir a melhor conduta a ser seguida1:
Dor é um assunto sobre o qual devemos falar abertamente (e sem vergonha nenhuma!) porque, quanto melhor você puder descrevê-la para o seu médico, mais certeiro será o diagnóstico e o tratamento recomendado8.
Conversar sobre isso, por exemplo, vai te ajudar a entender se o que você tem é uma dor aguda ou crônica. A dor aguda costuma aparecer de forma repentina e dura pouco tempo, desaparecendo quando o organismo consegue se recuperar de lesões ou de uma cirurgia, dependendo do caso9.
Já a dor crônica é aquela que persiste por mais de três meses1,9. Digamos que você tenha passado por um tratamento da enxaqueca e mesmo assim a dor permaneça constante ou vá e volte por longos períodos de tempo. Esse caso pode ser considerado crônico e precisa, de alguma forma, ser controlado para garantir a melhor qualidade de vida possível9.
Com todos os detalhes dos seus sintomas em mãos (que podem ser descritos com o uso das escalas de dor), somados a outras informações que você pode dar sobre o quadro, os especialistas são capazes de cuidar das diversas esferas que contribuem para o aparecimento das dores. Eles levarão em conta o corpo, a mente, as emoções e o ambiente que influenciam a sua qualidade de vida8.
Por outro lado, uma dor descrita de forma imprecisa pode levar a diagnósticos incorretos, o que resulta em exames e tratamentos caros e desnecessários, que mais atrapalham do que ajudam8.
Por isso, quando for visitar o médico, certifique-se de compartilhar com ele:
Falar sobre sua dor e se aproveitar das ferramentas, como a escala de dor, é uma ajuda para você conseguir dizer o que sente e também para seu médico seguir a melhor conduta.
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