Se você reparar, grande parte da população executa atividades repetitivas no dia a dia: os professores forçam braços e ombros para escrever na lousa a aula inteira, os barbeiros usam e abusam dessa musculatura para cortar o cabelo e fazer a barba, enquanto os gamers e streamers tensionam as mãos com o uso excessivo de mouse e teclado. Viu só? O problema começa quando esse esforço sobrecarrega o corpo, gerando a lesão por esforço repetitivo1.
As lesões por esforço repetitivo, também conhecidas pela sigla LER, fazem parte de um grupo de afecções que atingem o sistema musculoesquelético1. Como o próprio nome entrega, são danos provocados pela repetição exaustiva de movimentos2.
Esse conjunto de distúrbios acomete principalmente os membros superiores, que são mais exigidos pela força de trabalho. O resultado são as tendinites (especialmente nos ombros, cotovelos e punhos)1, as bursites (inflamação das bolsas entre ossos e tendões das articulações dos ombros)3 e as mialgias (dores musculares), que não afetam apenas a parte de cima do corpo e podem aparecer em diversos pontos1.
Em muitos casos, a lesão por esforço repetitivo é considerada uma doença ocupacional, relacionada ao ambiente de trabalho. A digitação intensa, hábito frequente para quem trabalha em frente ao computador, é uma das causas mais comuns de LER e que mais contribui para o aumento da prevalência4.
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DORT é a sigla para distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, termo que vem sendo utilizado no lugar de lesão por esforço repetitivo por dois motivos1:
O termo “distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho” (DORT) é uma espécie de atualização da nomenclatura “lesão por esforço repetitivo” (LER)1.
Enquanto LER está relacionado às manifestações do sistema musculoesquelético resultantes de esforços repetitivos, DORT abrange outros prejuízos gerados pela sobrecarga durante o expediente. É o caso do excesso de força e postura inadequada que já comentamos por aqui1.
Como a terminologia “lesão por esforço repetitivo” ainda é a mais conhecida pelo público em geral, abordaremos o problema dessa forma ao longo do texto, englobando também os conceitos de DORT.
Em linhas gerais, os sintomas de lesão por esforço repetitivo começam com uma sensação de cansaço no membro afetado. A partir disso, podem ocorrer:
Essas manifestações, no entanto, variam de acordo com a condição que perturba a pessoa. Se ela tiver tendinite nos punhos, realidade de muitos jogadores de e-sports5, por exemplo, sentirá dores e rigidez no local, que pioram com a realização do movimento que provocou o problema. Há ainda o risco de a região inchar6. Esses sintomas (dor e edema) também são vistos na bursite6, que afeta em grande escala os docentes7.
No caso das mialgias – as temidas dores musculares –, tudo depende de onde o incômodo é sentido. Rigidez e queimação são sintomas que podem acompanhar os quadros de mialgia8.
Os sintomas de lesão por esforço repetitivo costumam se agravar em momentos de esforço muito intenso e ao final do dia. Apesar de melhorarem com o repouso, a dor pode mudar de perfil e persistir por muitas horas se as atividades continuarem a exigir mais do que o corpo consegue lidar3.
Buscar ajuda médica é o primeiro passo quando se tem uma lesão por esforço repetitivo. Abaixo, estão algumas das possibilidades a serem abordadas no consultório:
Descansar o membro dolorido é uma das principais recomendações para cuidar dos sintomas de lesão por esforço repetitivo2. Em cenários mais graves, é da responsabilidade do médico, a fim de acelerar a recuperação, recomendar o afastamento das atividades que desencadeiam a LER9.
A fisioterapia, em conjunto com técnicas como a eletroterapia e cinesioterapia, costuma ser prescrita pelo profissional de saúde para favorecer o processo de reabilitação1.
Durante as crises agudas, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios se faz necessário para aliviar o desconforto9. Mas só recorra a esses remédios com acompanhamento médico para não correr o risco de mascarar o problema.
Infiltrações, que são injeções com medicações aplicadas na região dolorida, também fazem parte da lista de tratamentos para lesão por esforço repetitivo, quando há indicação1.
Talas, protetores, cintas e coletes são exemplos de acessórios de uso provisório que auxiliam na imobilização e na recuperação da autonomia e mobilidade em quadros de lesão por esforço repetitivo1.
Quando os tratamentos para lesão por esforço repetitivo não são suficientes e o problema se torna mais grave, intervenções cirúrgicas entram em cena para resolver a situação9.
A prevenção é a melhor arma contra a LER — e é assim que você consegue diminuir os riscos.
Por fim, é importante manter o controle do ritmo2 e da duração da jornada de trabalho1 para evitar casos de lesão por esforço repetitivo e DORT, seja trabalhando em casa, no escritório ou em qualquer outro ambiente.
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Agosto/2023. MAT-BR-2304397
Referências:
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