A fascite plantar é um problema bastante comum e doloroso. A estimativa é de que uma a cada dez pessoas experimentem o desconforto nos pés ao longo da vida, segundo material publicado na Revista Brasileira de Ortopedia1.

Por conta dessa alta prevalência, o melhor que podemos fazer é ler sobre o assunto. Se um dia você for surpreendido com esse desconforto, já saberá do que se trata e como o tratamento deverá ser conduzido no consultório e em casa.

Então, aqui está a chance para descobrir o que é fascite plantar, por que ela se manifesta, como lidar com a síndrome e mais.

O que é fascite plantar?

Fascite plantar é o termo usado para se referir à inflamação que atinge a fáscia do pé2 e gera bastante dor1.

E aqui, uma pequena explicação: a fáscia é um tecido conjuntivo que liga a musculatura da sola do pé com os ossos. Ela vai do calcanhar até o peito do pé. O papel dessa estrutura é importantíssimo, afinal, nos permite caminhar e correr2.

Sintomas de fascite plantar

Entre os sintomas de fascite plantar, destacamos:

  • dor na planta do pé, perto do calcanhar, que dá as caras inclusive depois da prática de exercícios físicos3;
  • dor no calcanhar nos primeiros passos após sair da cama pela manhã ou após longas viagens de carro (o incômodo costuma desaparecer depois de caminhar por alguns minutos)3;
  • inchaço e vermelhidão nos pés2;
  • rigidez no pé2.

Causas da fascite plantar

O surgimento da fascite plantar está relacionado ao excesso de pressão depositado na fáscia3.

Ela absorve as tensões colocadas nos pés para realizar as atividades cotidianas. Só que, quando essa estrutura é muito exigida, os tecidos podem se danificar ou rasgar. Aí, a resposta natural do corpo é a inflamação, que leva a dor no calcanhar ao pisar e rigidez3, entre outros sintomas listados.

Foto vista de cima que mostra um homem saltando (seus pés não tocam a sombra) em movimento de corrida.

Apesar de, muitas vezes, o problema aparecer sem motivos específicos ou identificáveis, alguns fatores aumentam os riscos. Veja possíveis causas da fascite plantar:

  • prática de atividades de alto impacto (dança, corrida e outras modalidades)3;
  • trabalhar muito tempo em pé, caso de professores, enfermeiros e operadores de fábrica3;
  • tensão contínua nos músculos da panturrilha3;
  • ter pés chatos ou com o arco alto3.

A fascite plantar também é um problema que pode surgir por conta da obesidade. Para completar, o envelhecimento é mais um fator de risco, já que essa inflamação é mais vista em pessoas entre 40 e 60 anos3.

Como a fascite plantar é diagnosticada?

Para ter certeza de que há uma fascite plantar, o ortopedista examina o pé em questão para verificar sintomas de inflamação e rigidez, podendo solicitar radiografias e ultrassonografias como complemento do exame físico2.

Tratamentos efetivos para fascite plantar

O tratamento para fascite plantar pode ser cirúrgico ou não, e isso depende da complexidade de cada caso. Os cuidados geralmente envolvem:

Descanso

Diminuir ou interromper as atividades que intensificam a dor é o primeiro passo para amenizá-la. Em alguns casos, o médico recomenda o uso de botas imobilizadoras e muletas por um curto período de tempo para que o pé consiga repousar por alguns dias3.

Gelo

Deslizar o pé machucado sobre uma garrafa congelada ou com água fria por 20 minutos, três a quatro vezes ao dia, também pode ser benéfico para que sofre com fascite plantar3.

Anti-inflamatórios

Quando necessário e indicado pelo médico, a administração de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) ajuda a reduzir a dor e a inflamação por um período de tempo3.

Fisioterapia

Sessões de fisioterapia incluem tratamentos especializados com gelo, massagens e outras táticas para reabilitar e diminuir a inflamação local. Além disso, o fisioterapeuta costuma ensinar exercícios de alongamento dos músculos da panturrilha e da fáscia plantar3. Por falar neles…

Alongamento em casa

No conforto do lar, se o ortopedista autorizar, dá para fazer exercícios simples para alongar a panturrilha e a fáscia plantar. Lembre-se de que a inflamação é agravada justamente por tensões na musculatura desses locais, e o alongamento é mais um autocuidado para fascite plantar que alivia as dores3, mas que deve ser feito com a devida orientação.

Para dar aquela esticada nos músculos da região, a Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos sugere a sequência abaixo, que deve ser repetida 20 vezes para cada pé3:

  • fique de frente para uma parede e apoie as duas mãos nela. Flexione uma das pernas para a frente e estenda a outra para trás3;
  • empurre os quadris em direção à parede, mantenha a posição por 10 segundos e relaxe3;
  • repita do outro lado3.
Mulher usando roupas de ginástica e rabo de cavalo, com mãos apoiadas na parede, alongando a panturrilha.

Já para alongar a fáscia plantar, a recomendação é:

  • sentado, apoiar o pé dolorido sobre o joelho da outra perna3;
  • segurar os dedos do pé dolorido e puxá-los lentamente em sua direção. Se for difícil alcançá-los, enrole uma toalha em volta do dedão do pé para facilitar3;
  • colocar a outra mão no pé que está sendo alongado. Você notará, na parte inferior do pé, a fáscia plantar como se fosse uma faixa apertada sendo esticada enquanto faz o alongamento3;
  • manter o alongamento por 10 segundos3.

É interessante repetir o exercício 20 vezes para cada pé. O alongamento pode ser feito pela manhã, antes de se levantar da cama, ou antes caminhar3. Entretanto, lembre-se que é essencial conversar com seu médico e só fazer exercícios que forem indicados por ele ou sob a orientação de um fisioterapeuta.

Sapatos especiais

Os calçados com solas grossas, palmilhas almofadadas e amortecimento extra reduzem a tensão da fáscia ao pisar no chão. Fale com seu médico sobre a possibilidade de usar esse tipo de sapato para favorecer o tratamento da fascite plantar3.

Tala noturna

É um suporte para alongar a fáscia plantar durante o sono, já que dormir com os pés apontados para baixo, como a maioria de nós fazemos, é uma das razões para já despertar com dor no calcanhar3.

Apesar de ser algo chato de usar e difícil de se acostumar, é uma opção eficaz para reduzir o incômodo provocado pela fascite plantar3. De novo, tire dúvidas com seu médico e veja se essa é uma boa opção para seu caso.

Mais alternativas

Se nada disso for suficiente, há outras estratégias a serem consideradas pelo profissional de saúde, como injeções de cortisona3, terapias por onda de choque4 e, em última instância, procedimentos cirúrgicos3.

Na recessão gastrocnêmica, por exemplo, um dos dois músculos que formam a panturrilha é alongado cirurgicamente para aumentar o movimento do tornozelo de quem tem dificuldade para flexionar os pés3.

Outro tipo de cirurgia possível é a liberação parcial da fáscia plantar, frequentemente realizada ao mesmo tempo que a recessão gastrocnêmica. Consiste em fazer uma incisão na parte inferior ou lateral do calcanhar para diminuir a tensão do tecido. Na ocasião, eventuais esporões ósseos grandes são removidos3.

Fascite plantar tem cura?

Sim, fascite plantar tem cura! De acordo com a Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, mais de 90% dos pacientes ficam bem em aproximadamente dez meses após iniciar o tratamento não-cirúrgico prescrito pelo médico3. É fundamental segui-lo à risca para superar o quadro.

E mesmo quando não há melhoras com o tratamento não-cirúrgico após um ano, a cirurgia traz boas chances de se ter um resultado satisfatório3.  No entanto, quando negligenciada, a fascite plantar pode se tornar algo grave, como evoluir para uma dor crônica no calcanhar que atrapalha as atividades diárias. A pisada também acaba mudando para tentar driblar o sintoma, o que, mais tarde, traz prejuízos não só para os pés, mas também para joelhos, quadris e costas5.

Não dê vez para a fascite plantar! Se desconfiar de que seu pé está comprometido, marque uma consulta com um ortopedista para receber o diagnóstico correto e faça todo o acompanhamento necessário para tratar esse companheiro que te aguenta o dia inteiro!

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Janeiro/2024. MAT-BR-2400955

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