Sentir dor não é legal e isso pode atrapalhar a rotina de qualquer um. Ainda assim, nem sempre é fácil colocar em palavras o que estamos sentindo. Para ajudar, existe a escala de dor, uma ferramenta usada por médicos e profissionais da saúde para entender o nível da dor do paciente1.
Neste artigo, vamos te contar o que é uma escala de dor, quais são as mais usadas e como ela pode te ajudar a comunicar sua experiência com a dor de forma mais clara.
Fique com a gente até o final porque a dor é um assunto que merece — e precisa — ser mais discutido.
O que é uma escala de dor?
Escala de dor é uma ferramenta usada em hospitais e consultórios médicos para que você possa medir sua dor ou descrevê-la de maneira simples e clara para quem está cuidando da sua saúde1.
Já aconteceu do seu médico te perguntar, por exemplo, como você classificaria a sua dor de 0 a 10, sendo 10 a pior dor possível? Pois essa é justamente uma das formas de se usar uma escala de dor1.
Mas, além dessa, existem outros tipos de escalas. Saiba mais sobre essas ferramentas a seguir.
Quais são as principais escalas de dor?
Dentre as escalas de dor, existem três categorias que costumam ser confiáveis — e são validadas pela ciência — para a autoavaliação da dor nos consultórios e hospitais2: a escala visual analógica1-4 (também conhecida como escala EVA3), a escala de avaliação verbal1,2,4 e a escala de classificação numérica1,2,4.
Essas são consideradas escalas unidimensionais, que levam em conta apenas uma variável para medir a dor, como a sua intensidade4. Veja cada uma em detalhes.
Escala visual analógica (escala EVA)
A escala de dor EVA consiste em uma linha reta com cerca de 10 centímetros que representa a dor de forma contínua. Enquanto uma extremidade marca a palavra “sem dor”, a oposta traz termos como “pior dor possível”4.
Na hora de usar a escala EVA, o profissional pedirá para que você marque na linha a posição que representa a intensidade de sua dor naquele momento4.
Imagine que você está no meio de um episódio de cefaleia em salvas, considerada uma das piores dores que existe5. É muito provável que, diante desse cenário, sua marcação seja feita o mais próximo do parâmetro de “pior dor possível”, mais à direita da régua, para citar um exemplo.
A escala de dor EVA também pode utilizar imagens, às vezes com cores, para que o paciente indique o nível de dor1.
Um outro modelo bastante visual é a escala de faces de Wong-Baker, que combina imagens de rostos com números1.
Essa escala de dor é composta por seis desenhos de smiles com diferentes expressões, sendo que o número zero mostra uma imagem sorridente (sem dor) e o número 10 mostra uma face triste e chorosa (pior dor)1.
Escala de avaliação verbal
Esse modelo foca em usar adjetivos para mensurar as diferentes intensidades do desconforto, como “sem dor”, “dor leve”, “dor moderada”, “dor forte” e “pior dor possível”4.
Dessa forma, fica mais fácil explicar para o médico a presença de uma dor de cabeça forte, por exemplo.
Escala de classificação numérica
Aqui, o método de avaliação da dor é feito por números. Os médicos e enfermeiros podem te apresentar uma escala de 11 pontos que vai de zero (sem dor) até 10 (aquela dor insuportável) para quantificar o seu nível de sofrimento1,4.
Questionário de Dor de McGill
Além das escalas unidimensionais, também existem as multidimensionais, que consideram outras variáveis da dor, para avaliá-la de uma forma mais ampla, como é o caso do Questionário de Dor de McGill4.
Esse outro tipo de escala de dor mensura os aspectos sensoriais, afetivos e avaliativos da dor3,4. Ao se deparar com esse modelo, você encontrará uma espécie de quadro com mais de 70 adjetivos que podem descrever seu incômodo e ajudam o especialista a compreendê-lo a partir das respostas4.
Vibração, tremor, pulsante, latejante, amedrontadora, ferroada e desgastante são alguns dos termos que podem ser usados para expressar a dor e permitir que seja compreendida em detalhes3.
O questionário de dor de McGill pode, ainda, trazer a imagem de um corpo humano para que você possa apontar o local exato da dor4.
Leia também: Como diferenciar a dor muscular da dor do rim?
Escala de LANSS
Já um outro tipo de escala de dor — mais específico e voltado para um tipo de problema — é a escala de Lanns3.
Ela foi desenvolvida para medir os sinais das dores neuropáticas3. Esse modelo ajuda a entender como os nervos que “carregam” a informação da dor no cérebro estão funcionando para ajudar na escolha do melhor tratamento6.
A avaliação da escala de dor LANSS é feita a partir de um questionário que o paciente responde. Ele traz perguntas como “a sua dor faz com que a pele da região afetada fique sensível ao toque?” ou “faz com que a temperatura da pele mude”?3,6.
Depois, é a vez do médico fazer um teste de sensibilidade3,6 na pessoa com dor e preencher um questionário com suas percepções6.
Cada resposta — que pode ser “sim” ou “não” — contabiliza pontos, que vão de zero a cinco e são somados. No final, pontuações iguais ou maiores que 12 sinalizam que os mecanismos neuropáticos podem estar contribuindo para as dores. Já o escore menor que 12 indica que é improvável que o funcionamento dos nervos seja responsável pelo desconforto6.
Escala de dor na enfermagem e outras ferramentas: o que acontece no momento da triagem?
E como tudo isso é usado na prática? Ao chegar em uma unidade de pronto-atendimento, especialmente por conta de uma dor, o enfermeiro pode utilizar alguma dessas ferramentas padronizadas para tentar identificar o nível do seu desconforto3.
Além disso, algo muito utilizado nesse primeiro momento de acolhimento da triagem é o Protocolo de Manchester, que consiste em uma breve avaliação que determina a gravidade do caso, classificando os pacientes quanto ao nível de urgência no atendimento, e os agrupa em cores7.
Sabe aquela pulseira colorida que você recebe do enfermeiro? Pois bem! Se for vermelha, significa que o caso é de emergência e exige atendimento imediato. Já a pulseira laranja representa situações muito urgentes e a amarela, urgente7.
Quando é verde e azul, aí dá pra respirar mais aliviado, porque o problema é considerado pouco urgente ou não urgente, respectivamente7.
O papel da escala de dor em um tratamento
Agora que você já entendeu como funcionam os protocolos e a escala de dor na enfermagem e na rotina clínica, vamos entender melhor como essas ferramentas — que podem até ter seu uso combinado, para a obtenção de respostas mais completas – podem auxiliar nos tratamentos médicos.
São diversas as vantagens que o uso da escala de dor pode trazer tanto para o paciente quanto para o médico, na hora de decidir a melhor conduta a ser seguida1:
A importância de falar sobre a dor abertamente
Dor é um assunto sobre o qual devemos falar abertamente (e sem vergonha nenhuma!) porque, quanto melhor você puder descrevê-la para o seu médico, mais certeiro será o diagnóstico e o tratamento recomendado8.
Conversar sobre isso, por exemplo, vai te ajudar a entender se o que você tem é uma dor aguda ou crônica. A dor aguda costuma aparecer de forma repentina e dura pouco tempo, desaparecendo quando o organismo consegue se recuperar de lesões ou de uma cirurgia, dependendo do caso9.
Já a dor crônica é aquela que persiste por mais de três meses1,9. Digamos que você tenha passado por um tratamento da enxaqueca e mesmo assim a dor permaneça constante ou vá e volte por longos períodos de tempo. Esse caso pode ser considerado crônico e precisa, de alguma forma, ser controlado para garantir a melhor qualidade de vida possível9.
Com todos os detalhes dos seus sintomas em mãos (que podem ser descritos com o uso das escalas de dor), somados a outras informações que você pode dar sobre o quadro, os especialistas são capazes de cuidar das diversas esferas que contribuem para o aparecimento das dores. Eles levarão em conta o corpo, a mente, as emoções e o ambiente que influenciam a sua qualidade de vida8.
Por outro lado, uma dor descrita de forma imprecisa pode levar a diagnósticos incorretos, o que resulta em exames e tratamentos caros e desnecessários, que mais atrapalham do que ajudam8.
Por isso, quando for visitar o médico, certifique-se de compartilhar com ele:
- o local exato da dor8;
- se a dor irradia para outro membro8;
- atividades que melhoram ou pioram os sintomas8;
- em quais horários a dor costuma ficar mais intensa ou branda8;
- o que você já tentou até agora para amenizar o quadro8;
- se há algo que seja responsável por desencadear a dor8;
outros aspectos da sua vida, como histórico de depressão, ansiedade, entre outros, que também podem afetar o corpo8.
Falar sobre sua dor e se aproveitar das ferramentas, como a escala de dor, é uma ajuda para você conseguir dizer o que sente e também para seu médico seguir a melhor conduta.
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DORFLEX®(dipirona monoidratada, citrato de orfenadrina, cafeína anidra). Indicações: no alívio da dor associada a contraturas musculares, incluindo cefaleia tensional. MS: 1.8326.0354. O USO DO MEDICAMENTO PODE TRAZER ALGUNS RISCOS. Leia atentamente a bula. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Junho/2023 - MAT-BR-2302992
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1. Health. Understanding Pain Scales and How to Use Them. Disponível em: https://www.health.com/pain-scales-7097930. Acesso em 18 de maio de 2023.
2. Safikhani S, Gries KS, Trudeau JJ et al. Response Scale Selection in Adult Pain Measures: Results from a Literature Review. Journal of Patient-Reported Outcomes. Disponível em: https://jpro.springeropen.com/articles/10.1186/s41687-018-0053-6. Acesso em 18 de maio de 2023.
3. Gouvêa AL. Avaliação e Mensuração da Dor. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Anestesiologia USP. Disponível em: https://www.anestesiologiausp.com.br/wp-content/uploads/avalia%C3%A7%C3%A3o-e-mensura%C3%A7%C3%A3o-da-dor.pdf. Acesso em 18 de maio de 2023.
4. Andrade FA, Pereira LV, Sousa FAEF. Mensuração da Dor no Idoso: uma Revisão. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/hDqFJhRw3ZrJhZdT75XS4WN. Acesso em 19 de maio de 2023.
5. Academia Brasileira de Neurologia. 21 de Março, Dia Internacional de Conscientização da Cefaleia. Disponível em: https://www.abneuro.org.br/2022/03/21/21-de-marco-dia-internacional-de-conscientizacao-da-cefaleia/. Acesso em 19 de maio de 2023.
6. Secretaria de Estado de Saúde do Governo de Mato Grosso do Sul. Escala de Dor Lanns (Adaptada ao Português do Brasil por Schestatsky et al., 2011). Disponível em: http://www.as.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/Escala-de-dor-LANNS-E-EVA.pdf. Acesso em 19 de maio de 2023.
7. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - Gov.br. Você Sabe o Que é Classificação de Risco? Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hujb-ufcg/comunicacao/noticias/voce-sabe-o-que-e-classificacao-de-risco. Acesso em 19 de maio de 2023.
8. The Ohio State University Wexner Medical Center. How and Why to Describe Pain Accurately to Your Doctor. Disponível em: https://wexnermedical.osu.edu/blog/how-and-why-to-describe-pain-accurately-to-your-doctor. Acesso em 22 de maio de 2023.
9. University Hospitals Bristol - NHS Foundation Trust. Acute and Chronic Pain. Disponível em: https://www.uhbristol.nhs.uk/patients-and-visitors/your-hospitals/other-services-in-bristol/pain-clinic/what-is-pain/acute-and-chronic-pain/. Acesso em 22 de maio de 2023.