Dor de cabeça que não passa - Entenda o que pode causar a dor crônica

Sofrer com uma dor de cabeça constante compromete o seu funcionamento no dia a dia e a qualidade de vida. A dor de cabeça que não passa representa um estágio mais avançado do problema. Trata-se de um quadro crônico, que é consideravelmente mais preocupante do que crises episódicas isoladas. Siga a leitura para entender onde esse problema recorrente se encaixa entre os diferentes tipos de dor de cabeça.

Dor de cabeça que não passa pode ser cefaleia crônica diária

Cerca de 35% a 40% dos pacientes que buscam tratamento médico sofrem de dor de cabeça constante. O diagnóstico mais frequente é o de cefaleia crônica diária, que é uma evolução da enxaqueca grave somada às características da dor de cabeça tensional.1 Essa sensação de dor de cabeça que não passa é definida por uma frequência diária ou quase diária, com crises que duram mais de quatro horas por dia e se manifestam em mais de 15 dias por mês.2

Os tipos de dor de cabeça sentidos costumam ser em pressão, aperto ou pulsátil, com manifestação nos dois lados da cabeça ou em um lado que varia nas crises. Tensão muscular na região da nuca e pescoço também é comum.2 Além da dor de cabeça constante, a cefaleia crônica diária também pode vir acompanhada de outros sintomas da enxaqueca, como sensibilidade à luz e sons, náuseas, congestão nasal, ansiedade, depressão, distúrbios do sono e outras questões psicológicas.1 2

O que faz com que crises episódicas evoluam para uma dor de cabeça constante?

A cefaleia crônica diária também é conhecida como enxaqueca transformada. Isso porque o padrão de casos é um paciente que passa a sofrer com crises de enxaqueca, com ou sem aura, por volta dos 20 anos de idade, e progressivamente nota a frequência do problema aumentar, até se tornar um incômodo diário ou quase diário.1 O processo da cronificação da dor de cabeça constante é mais comum entre os 20 a 40 anos, mas também pode acontecer na infância e terceira idade.2

E qual o motivo? Uma série de fatores pode estar envolvida nesse agravamento, mas o abuso de analgésicos se destaca como o principal. O uso excessivo desses medicamentos é visto em mais de 80% dos pacientes com cefaleia crônica diária.1 2 3 O aspecto psicológico também tem um papel significativo: depressão, ansiedade, estresse e distúrbios do sono causam a progressão da enxaqueca episódica para a cefaleia crônica diária em quase metade dos pacientes.3

Como evitar e tratar a cefaleia crônica diária

A evolução da enxaqueca episódica para a cefaleia crônica diária é um processo que acontece gradualmente. Raramente a dor de cabeça é crônica desde o início.3 Portanto, existem formas de tentar frear essa progressão. O primeiro passo é procurar um neurologista caso você sofra de enxaqueca. O neurologista Flávio Sallem compartilhou alertas a serem observados: "Os sinais mais importantes são alterações do sono, começar a abusar de analgésicos, ou seja, usar mais de um ou dois comprimidos ou tipos de analgésicos por semana, estresse em excesso, ansiedade causada pela dor e perda da vontade de realizar atividades que antes eram prazerosas".

Como o uso indiscriminado de analgésicos é um grande causador da cefaleia crônica diária, é importante apostar principalmente no tratamento não medicamentoso. Cerca de 20% dos pacientes têm uma melhora nas crises de dor de cabeça constante apenas com a interrupção do consumo de analgésicos.1 Técnicas de relaxamento e combate ao estresse, a prática regular de exercícios físicos, uma boa rotina de sono e alimentação regular são bons aliados.2 "É possível amenizar os sintomas através da adoção de um estilo de vida e hábitos saudáveis e com um tratamento com medicações apropriadas para cada paciente", conclui o neurologista.

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Você sabia?

A enxaqueca pode afetar gravemente sua qualidade de vida e impedi-lo de realizar suas atividades diárias normais.6

Algumas pessoas acham que precisam ficar na cama por dias seguidos, mas vários tratamentos eficazes estão disponíveis para reduzir os sintomas e evitar novas crises de enxaqueca. Converse com o seu médico.6

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  • 1. Monteiro JMP. Cefaleias primárias: Causas e consequências. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Jul 2006. 22(4): 455-459. Consultado em 31/03/2021

    2. Stovner LJ, Hagen K, Jensen R, Katsarava Z, Lipton R, Scher A, et al. The global burden of headache: a documentation of headache prevalence and disability worldwide. Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia. 2007 Mar; 27: 193–210. Consultado em 31/03/2021

    3. Sanvito WL, Monzillo PH. Cefaléias primárias: aspectos clínicos e terapêuticos. Medicina (Ribeirão Preto). Out-Dez 1997. 30: 437-448. Consultado em 31/03/2021

    4. Ruschel MAP, De Jesus O. Migraine Headache. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan-. Consultado em 01/04/2021

    5. Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Caso Complexo 9 - Família Lima. Fundamentação Teórica: Cefaleia. Consultado em 01/04/2021

    6. Wannmacher L, Ferreira MBC. Enxaqueca: mal antigo com roupagem nova. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Julho 2004; 1(8). Consultado em 01/04/2021

    Atualização do site: Janeiro/2022