Quando procurar um neurologista? Entenda essa especialidade e cuide da sua enxaqueca

Entre tantas especialidades médicas, você tem ideia de quando se deve procurar um neurologista? Pois este profissional é capacitado para diagnosticar e tratar diversas doenças e condições relacionadas ao cérebro e ao sistema nervoso, incluindo quadros de enxaqueca, epilepsia, Parkinson, AVC (acidente vascular cerebral), entre outros¹.

Entretanto, antes de realizar uma consulta com neurologista, que tal conhecer um pouco mais sobre essa área da medicina e compreender tudo o que esse médico pode fazer por você e seu bem-estar? Vamos lá? 

O que faz um neurologista?

O neurologista é um médico especializado em neurologia, área da medicina que se concentra no estudo e tratamento do sistema nervoso. Esse sistema é responsável por controlar e coordenar todas as funções do nosso corpo, desde pensar, sentir, se mover até por manter os batimentos cardíacos².

Assim, o neurologista é treinado para diagnosticar e tratar condições que afetam o cérebro, a medula, a coluna vertebral, os nervos, a junção neuromuscular e os músculos^2,3.

Dentro da especialização em neurologia, o médico também pode optar por uma formação no ramo de neuropediatria (ou neurologia pediátrica), cuidando das condições neurológicas que afetam as crianças desde o período neonatal até a adolescência¹. 

Os neuropediatras cuidam de doenças típicas dos mais jovens, como distúrbios de desenvolvimento, e outras que também podem acometer tanto os pequenos quanto os mais velhos, como enxaqueca e epilepsia, por exemplo¹.  

Por fim, na neurologia, há ainda o ramo da neurocirurgia. Os neurocirurgiões são os médicos capacitados para realizar intervenções cirúrgicas no cérebro, na coluna e nos nervos periféricos³. Muitas vezes, o neurologista e o neurocirurgião trabalham em parceria para tratar certas condições, até mesmo dentro do próprio centro cirúrgico¹. 

Quais doenças o neurologista trata

Como já adiantamos, o neurologista lida com uma ampla variedade de doenças e problemas de saúde. Entre eles, está uma condição que é bastante frequente no Brasil e no mundo: a dor de cabeça (também chamada de cefaleia) ― que chega a afetar mais de 70% dos brasileiros⁴. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, existem mais de 150 tipos de dor de cabeça, que são divididas entre primárias (quando a dor em si é a própria “doença”) e as secundárias (quando a dor é uma manifestação de alguma condição ou problema de saúde)⁵.  

Quer alguns exemplos? Entre as dores de cabeça primárias, as mais comuns são a enxaqueca e a cefaleia tensional. Já as dores de cabeça secundárias podem estar relacionadas a acidente vascular cerebral (AVC), tumores de sistema nervoso central, trombose venosa cerebral, ruptura de aneurisma ou aumento da pressão intracraniana⁵.  

Leia também: Você sabia que a dor de cabeça pode afetar a sua capacidade cognitiva? 

Diante de tantas possibilidades, já que o médico neurologista é o especialista em assuntos que envolvem o sistema nervoso e o cérebro^1-3, ele também pode ajudar em casos de enxaqueca e dores de cabeça6, por exemplo, quando é uma dor de cabeça que não passa (dura muitos dias), uma dor de cabeça de início súbito ou dor de cabeça muito forte. Vamos falar mais sobre isso.  

Além das cefaleias⁶, outras doenças tratadas pelo neurologista são: 

• distúrbios do sono (insônia, excesso de sono, sono não restaurador, ronco, apneia do sono)^2,6; 
• doenças cérebro-vasculares (avc ou derrames)^2,6; 
• distúrbios do movimento (como tremores e doença de parkinson)^2,6; 
• Alzheimer e outras demências^2,6; 
• doenças desmielinizantes (como esclerose múltipla)^2,6; 
• neuropatia periférica^2,6; 
• doenças musculares e de junção (como miastenia gravis)^2,6; 
• desmaios, crises convulsivas e epilepsias^2,6; 
• tonturas e vertigens⁶; 
• paralisia cerebral e espasticidade²; 
• infecções do sistema nervoso (meningites e encefalites)^2,6; 
• tumores^2,6; 
• esclerose lateral amiotrófica (ela)²; 
• hidrocefalia²; 
• déficit de atenção e hiperatividade⁶; 
• formigamentos, perda de memória, confusão, perda de força, alteração na visão, mudança de comportamento etc⁶. 

Mas, afinal, quando se deve procurar um neurologista?

O neurologista pode ser procurado diante de uma série de situações. E quando se tem dor de cabeça, já vale ir a esse especialista logo de cara?  

Dor de cabeça é algo comum e pode ser sentida em qualquer momento da vida, especialmente na vida adulta⁷. E ela pode surgir por diversas razões, desde um simples resfriado até uma meningite⁸. A dor de cabeça pode ser, inclusive, um dos sintomas de estresse⁹.  

O problema é que muita gente só procura um médico quando a dor de cabeça já é muito intensa ou incomoda demais. E esse não é o melhor caminho porque dor de cabeça pode até ser algo corriqueiro, mas não é normal sentir dor⁸. Então, vale procurar atendimento e entender o que está causando o incômodo⁷ desde o começo.   

No caso da dor de cabeça, o mais indicado é começar procurando assistência no serviço de atenção primária à saúde, como nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)¹⁰. É geralmente o acolhimento na atenção primária que encaminha, quando necessário, os pacientes para atenção especializada de média complexidade, oferecido em hospitais e ambulatórios¹¹. 

Entretanto, quando a dor de cabeça se torna persistente ou muito intensa, pode ser o momento procurar um neurologista. O paciente que passou pelo primeiro atendimento e apresenta esses sinais geralmente é encaminhado para o especialista, inclusive. Isso também vale caso a dor esteja associada a outros sintomas, como febre, confusão mental, vômitos, alterações na visão e até convulsões^12,13. 

Mas não é só esses tipos de dores de cabeça que pedem atendimento de um neurologista. Entre alguns dos sintomas e problemas de saúde que podem levar a uma consulta com esse especialista também estão: 

Convulsões

As convulsões são contraturas involuntárias e súbitas da musculatura, que provocam movimentos desordenados. Quando elas ocorrem sem uma causa óbvia, é necessária uma investigação neurológica, por isso essa questão entra na lista de quando procurar um neurologista^2,12,13. 

Problemas de movimento

Falta de coordenação motora, dificuldade para caminhar e se mover, movimentos não intencionais dos membros ou outras complicações do tipo podem ser sinal de um problema no sistema nervoso^2,12,13. Por isso, precisam de avaliação de um especialista. 

Vertigem

A vertigem é um tipo de tontura que é caracterizada pela sensação de que o ambiente ao redor está girando. Esse sintoma costuma ser motivo de atendimento emergencial, que pode sugerir o encaminhamento para a neurologia^2,12,13. 

Dormência ou formigamento

A sensação de dormência que ocorre de forma contínua, que começa repentinamente ou que afeta apenas um lado do corpo requer atenção especializada. Isso porque pode ser sinal de um derrame, que demanda atendimento urgente^2,12. Sentiu algo parecido ou está com alguém que apresente esses sintomas? Esse é mais um momento que se deve procurar um neurologista.

Problemas de visão

Ter dificuldades repentinas para enxergar também pode ser sinal de algum distúrbio no sistema nervoso^2,12. Nestes casos, é possível ainda ter de fazer uma consulta com um oftalmologista para fechar o diagnóstico¹². 

Fraqueza

Sentir fraqueza muscular, especialmente quando ela evolui rapidamente, pode ter relação com diversos problemas neurológicos^2,12,13. Portanto, precisa ter sua causa devidamente investigada por um especialista. 

Primeira consulta com o neurologista

Agora que você já sabe quando procurar um neurologista, vamos entender como é a consulta com esse profissional.  

Durante a consulta com um neurologista, ele irá realizar uma avaliação detalhada da sua condição. O especialista fará perguntas principalmente sobre seu histórico médico^1,2. Além disso, ele também irá realizar exames^1,2,12 para avaliar a condição do seu sistema nervoso. 

Nesse momento, o neurologista avalia uma série de atributos, como: reflexos nervosos, coordenação motora, força muscular, marcha e postura. Ele também faz testes específicos para verificar a visão, a audição, a fala e a sensibilidade da pessoa^1,2,12.  

É possível ainda que o médico faça uma avaliação das suas capacidades mentais e psicológicas, podendo, inclusive, aplicar um teste de memória¹².  

Exames que um neurologista pode pedir

Com base na avaliação inicial, o neurologista pode solicitar exames complementares para auxiliar no diagnóstico. Alguns procedimentos comumente pedidos incluem: 

• Exames de sangue e urina: podem ser solicitados para verificar se há desequilíbrios químicos ou outros problemas de saúde que possam contribuir para os problemas neurológicos^2,14. 
• Exames de imagem: a ressonância magnética e a tomografia computadorizada fornecem imagens detalhadas do cérebro e de outras partes do sistema nervoso, que ajudam a identificar eventuais problemas, como tumores ou lesões estruturais^1,2,14. 
• Eletroencefalograma: durante o exame, eletrodos são colocados no couro cabeludo para medir sua atividade cerebral. Costuma ser usado para o diagnóstico de epilepsia, convulsões, tumores cerebrais e problemas de sono^1,14. 
• Eletromiograma: o exame é realizado através da inserção de pequenas agulhas nos músculos para verificar a atividade nervosa muscular em períodos de movimento e repouso. Ajuda no diagnóstico de miastenia gravis e esclerose lateral amiotrófica^1,14. 
• punção lombar:  neste procedimento, o médico utiliza uma agulha especial para coletar uma amostra do líquido cefalorraquidiano nas costas do paciente. Com ele, é possível diagnosticar doenças como meningite, encefalite, demência e leucemia^1,14. 

Se o neurologista diagnosticar você com qualquer problema no sistema nervoso, incluindo a enxaqueca, ele irá desenvolver um plano de tratamento personalizado. Isso pode incluir uma combinação de medicamentos, terapia física e outras abordagens². 

Saiba também o que é bom para enxaqueca 

Lembre-se de descrever seus sintomas de forma detalhada durante a consulta e seguir as recomendações do médico para obter o melhor resultado. Com o cuidado adequado, é possível encontrar alívio e melhorar sua qualidade de vida. 

Junho/2023. MAT-BR-2304002