A cefaleia em salvas é um tipo de dor de cabeça na qual há uma dor muito intensa, que pode devastar a vida de quem convive com a condição. É uma doença ainda pouco conhecida, por vezes confundida com enxaqueca, e muitos portadores demoram anos para obterem o diagnóstico correto1.

Pois é, a cefaleia em salvas é algo muito sério. Segundo pesquisa publicada na revista Headache: The Journal of Head and Face Pain, essa dor de cabeça é uma das condições mais dolorosas que existe2.

Foi feito um questionário online e mais de 1.600 pessoas com cefaleia em salvas foram incluídas na análise. Numa escala até 10, a dor de uma crise desse tipo de cefaleia foi classificada como 9,7 pelos participantes (sendo que 72,1% responderam 10). A dor do parto ficou com uma média de 7,2, seguida da pancreatite, com 72.

Hoje vamos detalhar o que é cefaleia em salvas, os sintomas de uma crise, a importância de ter o diagnóstico correto e como se cuidar! Leia mais a seguir.

O que é cefaleia em salvas

A cefaleia em salvas faz parte das cefaleias primárias, ao lado da enxaqueca e da cefaleia tensional. Diferente das cefaleias secundárias, esses tipos de dores de cabeça não são provocados por outras doenças3.

Essa condição possui manifestações clínicas características. A dor no caso de cefaleia em salvas é geralmente em torno do olho, sempre do mesmo lado. O olho lacrimeja, fica vermelho, a pálpebra pode ficar caída. A narina do lado da dor ainda pode ficar entupida1,4.

A dor dura de 30 a 40 minutos. Entretanto, em alguns casos, pode durar até 3 horas. Podem também ocorrer várias crises no mesmo dia1. As crises tendem a acontecer no mesmo horário, seja durante o dia ou à noite4.

As crises desse tipo de dor de cabeça acontecem em surtos ou salvas, daí o nome da doença. Elas podem durar de semanas até meses e, geralmente, são intercaladas com períodos de remissão, que levam em torno de um mês5.

Mas nem sempre a cefaleia em salvas se manifesta da mesma maneira. Há casos crônicos, nos quais a pessoa não segue essa regra de frequência e sofre de dores constantes4.

Principais sintomas de cefaleia em salvas

Como vimos, a dor da cefaleia em salvas é bem característica. As crises costumam começar de forma repentina e podem seguir essa sequência de fatos4:

  • primeiro há congestão nasal com coriza4;
  • em seguida vem a dor intensa, do mesmo lado da cabeça. Essa dor se estende até a região dos olhos4;
  • em poucos minutos, a dor atinge seu pico4;
  • em alguns casos, a pessoa pode sentir náuseas4.

Vale ainda dizer que as crises de cefaleia em salvas frequentemente podem acontecer durante o sono do indivíduo e, de tão intensas, é comum acordar por conta da dor4.

Porém, ao contrário de quem sofre com enxaquecas, não é indicado (e nem confortável) ficar deitado. Geralmente no quadro de cefaleia em salvas, a pessoa fica agitada, andando em ritmo4.

Mas o que causa a cefaleia em salvas?

A cefaleia em salvas é uma condição pouco comum e também ainda pouco conhecida. Não há muitos estudos sobre a condição, o que dificulta o diagnóstico correto e até um maior entendimento sobre a doença5.

Acredita-se que a doença esteja relacionada ao mal funcionamento do hipotálamo (pequena região do cérebro importante para o bom funcionamento do organismo). Há quem diga que o estresse e o cansaço tenham relação com as crises, mas ainda não há evidências científicas sobre isso6.

Mas já se sabe que mudanças climáticas, odores e luzes fortes são descritos como possíveis desencadeadores das crises5. O álcool ainda pode ser um fator que desencadeia cefaleias durante o período de salvas, mas não durante o período sem cefaleias4.

Por fim, há um grupo mais afetado do que o outro: a cefaleia em salvas acomete quatro homens para uma mulher. Na maioria das vezes, o primeiro surto ocorre ainda na juventude, em uma idade entre 20 e 30 anos5.

E cefaleia em salvas é perigoso?

Cefaleia em salvas é uma condição que pede muita atenção. A dor é incapacitante e quem convive com essa doença pode ter a qualidade de vida bastante prejudicada1. Durante as crises, a pessoa pode ficar muito agitada e, às vezes, pode até bater a cabeça em uma parede4.

É uma doença que ainda está sendo estudada e, aos poucos, tem sido mais comentada. Há até o Dia Internacional de Conscientização da Cefaleia em Salvas, em 21 de março, para tentar levar mais luz ao quadro1.

Cefaleia em salvas x enxaqueca e o diagnóstico correto

Por ainda ser algo incomum, nem sempre é fácil ter o diagnóstico da cefaleia em salvas. Como ressalta a Academia Brasileira de Neurologia, geralmente o quadro é confundido com enxaqueca1.

Entretanto, embora ambas as doenças estejam relacionadas com episódios de fortes dores de cabeça, há diferenças entre a enxaqueca e a cefaleia em salvas, a começar pela manifestação da dor, pois enquanto na cefaleia em salvas ela é de um lado da cabeça1,4,5, na enxaqueca ela pode aparecer só de um lado ou de ambos7.

Odores fortes, luzes intensas e álcool podem ser gatilhos para ambos os casos4,5,7. Por outro lado, a enxaqueca não traz consigo a coriza, a vermelhidão no olho ou a dilatação da pupila, por exemplo, característicos da cefaleia em salvas1,4,5. Os gatilhos da enxaqueca também podem ser mais amplos, envolvendo até mesmo alimentação7.

Portanto, ao sentir dores de cabeça e notar os sintomas da cefaleia em salvas, o indicado é procurar um neurologista para uma melhor avaliação do quadro1.

Como traçar diagnóstico da cefaleia em salvas

O diagnóstico é feito pelo profissional principalmente em cima do histórico clínico. Além disso, pode ser solicitada uma ressonância magnética se as dores tiverem surgido recentemente ou se o padrão de sintomas tiver sofrido mudanças. Nesse caso, o exame é feito para excluir outras causas4.

Conseguir esse diagnóstico é fundamental para que o paciente receba o tratamento adequado, o que nos leva ao próximo tópico deste artigo.

Tratamento para a cefaleia em salvas

O principal ponto do tratamento da cefaleia em salvas, uma condição que não tem cura, é buscar o alívio da dor e tentar agir para que as crises durem menos tempo6. Quem definirá a melhor conduta para cada caso é o médico.

É possível fazer uso de medicamentos orais e injetáveis ou spray nasal4. O médico pode sugerir também uso de uma máscara de oxigênio a 100% nos momentos de crise4,6. E como as crises podem acontecer no período noturno, ainda é recomendado que o paciente tenha um balão de oxigênio em casa, para conseguir agir rápido no momento da dor intensa6.

Outro caminho é o uso de estimulantes elétricos não-invasivos. São dispositivos portáteis posicionados no pescoço, onde é possível sentir pulsação. Com eles, é enviada uma corrente elétrica através da pele, que ativa o nervo vago. Ela irá se deslocar ao longo do nervo vago e retornar para o cérebro. Isso ajuda a controlar a dor4.

Por fim, a prevenção ainda faz parte do tratamento para cefaleia em salvas, ou seja, é o ato de tentar evitar que a dor volte. Alguns medicamentos também podem ser utilizados nesse momento, como a prednisona via oral4.

Ainda há um procedimento chamado desbloqueio de nervo, que consiste na aplicação de um anestésico local e um corticosteroide dado por injeção na parte de trás da cabeça4, tudo isso sob a orientação médica.

Além disso, alguns medicamentos que são frequentemente utilizados para prevenir enxaquecas podem ser utilizados aqui também, depois desses dois processos mencionados, para prevenir novas crises de cefaleia em salvas a longo prazo4. Novamente, sempre com a indicação médica.

Não deixe de procurar um médico porque, como diz a Sociedade Brasileira de Cefaleia, ter dor de cabeça é comum, mas não é normal. A dor de cabeça é um sintoma - que pode estar relacionado a algo simples ou uma doença mais complexa8.

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Referências:

[1] 21 de março - Dia internacional da cefaleia em salvas. Academia Brasileira de Neurologia. Disponível em https://www.abneuro.org.br/2022/03/21/21-de-marco-dia-internacional-de-conscientizacao-da-cefaleia/. Acesso em 11 de maio de 2023.

[2] Burish MJ, Pearson SM, Shapiro RE, et al. Cluster headache is one of the most intensely painful human conditions: Results from the International Cluster Headache Questionnaire. Headache. Disponível em https://headachejournal.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/head.14021. Acesso em 1 de junho de 2023.

[3] Speciali J. Cefaleias. Ciência e Cultura. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Disponível em http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200012. Acesso em 11 de maio de 2023.

[4] Silberstein SD, Cefaleia em Salvas. MSD Manual. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/cefaleias/cefaleias-em-salvas. Acesso em 04 de maio de 2023.

[5] Rocha CFB, Silva KB, Tavares RM, et al. Cefaleia em salvas: uma cefaleia desafiante. Revista Médica de Minas Gerais. Disponível em: https://rmmg.org/artigo/detalhes/599. Acesso em 04 de maio de 2023.

[6] Cefaleia em salvas. Rede D'or. Disponível em https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/cefaleia-em-salvas. Acesso em 11 de maio de 2023.

[7] Silberstein SD. Enxaquecas. MSD Manual. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/cefaleias/enxaquecas?query=enxaqueca. Acesso em 04 de maio de 2023.

[8] Ter dor de cabeça é comum, mas não é normal. Sociedade Brasileira de Cefaleia. Disponível em: https://sbcefaleia.com.br/noticias.php?id=2. Acesso em 04 de maio de 2023.

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